sábado, 8 de enero de 2011

BRASIL CONTROLA A SUPERVALORIZACAO DO REAL

FREIO - BC retira US$ 7 bilhões dos bancos para conter a supervalorização do real / Victor Martins, Luciano Pires e Vicente Nunes
O governo decidiu agir para tentar frear a supervalorização do real e conter a especulação comandada pelos grandes bancos do país.
O Banco Central anunciou ontem que as instituições financeiras terão de recolher, sob a forma de depósito compulsório, parte dos dólares que vendem sem ter em caixa. Classificada como prudencial pela autoridade monetária, a medida tem como objetivo elevar a cotação da moeda norte-americana e, com isso, minimizar os impactos negativos que, desde o ano passado, prejudicam o setor produtivo e os exportadores brasileiros. O BC espera retirar pelo menos US$ 7 bilhões dos cofres dos bancos.
A partir de agora, 60% da posição vendida de câmbio que exceder o menor dos valores estabelecidos pela nova regra - US$ 3 bilhões ou o patrimônio de referência (PR) - ficará retida em espécie e sem direito a remuneração. Se, por exemplo, um determinado banco apresenta posição vendida de US$ 6 bilhões e tem um patrimônio de referência de US$ 2 bilhões, abate-se US$ 3 bilhões, aplica-se o percentual do compulsório e o resultado final será o recolhimento de US$ 1,8 bilhão. A retenção será baseada sempre no maior valor. Apesar de já estar valendo, a norma prevê prazo de 90 dias para que o mercado se adapte.
O comunicado do BC veio ontem antes mesmo da abertura da bolsa de valores e do início das primeiras negociações cambiais. A estratégia de divulgação foi monitorada de perto pela presidente Dilma Rousseff e amplamente discutida na cúpula do governo. Tudo com o aval do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, e do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Na avaliação do governo, havia a necessidade urgente de intervir diante da constatação de que a desvalorização do dólar está mais acentuada no Brasil do que no resto do mundo. O auge da especulação ocorreu na segunda-feira passada, dia da posse de Alexandre Tombini na Presidência do Banco Central. A moeda americana chegou a ser cotada abaixo de R$ 1,65.
A virada de 2009 para 2010 foi o estopim. No fim do ano retrasado, conforme dados do BC, os bancos estavam comprados em US$ 2,9 bilhões, ou seja, estavam apostando na alta do dólar e na desvalorização do real. Já no ano passado, a gangorra se inverteu e a posição vendida alcançou os US$ 16,8 bilhões. "A concentração no polo comprado ou no polo vendido não é positiva porque a gente não consegue saber com precisão qual será a taxa de dólar no futuro", explicou Aldo Luiz Mendes, diretor de Política Monetária do BC. A expectativa é acabar com as oscilações exageradas no câmbio e mirar a longo prazo. "Olhando essa medida isoladamente, ela tem um indutor de compra de dólar, de valorização da moeda", completou Mendes, advertindo que o BC não trabalha com uma cotação desejável ou com metas cambiais.
Pagando pelos erros

O choque teve reflexos imediatos: o dólar subiu pelo terceiro dia consecutivo, avançando 0,78%, para R$ 1,68. O Fundo Monetário Internacional (FMI) elogiou a medida, ressaltando que a decisão visa fortalecer o sistema bancário no Brasil diante dos ingressos cada vez maiores de capitais. "Ela pode ser uma parte apropriada do kit de ferramentas", resumiu a porta-voz do organismo internacional, Caroline Atkinson. Entre os analistas brasileiros, as impressões não foram tão definitivas assim. No geral, os especialistas consultados pelo Correio disseram que os efeitos serão limitados e que o melhor caminho para corrigir definitivamente as distorções no câmbio é cortar os gastos públicos para que o BC possa baixar a taxa básica de juros (Selic), que deve passar de 10,75% para 11,25% em 19 de janeiro próximo.

O plano do BC é reduzir a posição vendida dos bancos de US$ 16,8 bilhões para US$ 10 bilhões - um enxugamento de cerca de US$ 7 bilhões no mercado. Isso representa quase um quarto de todos os dólares que o BC comprou em 2010 (US$ 41,4 bilhões). Sidnei Nehme, economista e diretor da Corretora NGO, disse que, antes dessa atuação, o governo estimulava a valorização do real. Segundo ele, no ano passado, o Banco Central comprou todos os dólares que estavam sobrando, o que estimulou os bancos a buscarem recursos no exterior a uma taxa de 3% ao ano. Depois, vendiam a divisa para a autoridade monetária, pegavam os reais da operação e aplicavam na taxa Selic (taxa básica de juros), que está em 10,75% ao ano. A diferença era embolsada pelas instituições. "Em troca, o governo tinha o real apreciado e um cenário desinflacionário. Em contraponto, sacrificamos nossa indústria", justificou.
Para José Roberto Carreira, economista da Fair Corretora, a posição vendida dos bancos deve ficar inferior a US$ 10 bilhões. As instituições, ao fazerem o cálculo de quanto e como farão suas apostas cambiais, colocarão na conta a possibilidade do BC reduzir o limite da posição vendida de US$ 3 bilhões para uma cifra menor, deixando a operação ainda mais onerosa. "O BC vai acompanhar o dólar cotidianamente. Se o pessoal continuar a especular e o real a valorizar, outras regras e limitações podem ser implementadas", disse. Mário Paiva, analista da Corretora BGC Liquidez, advertiu que havia a necessidade mais do que clara de corrigir distorções e reequilibrar o sistema. "O receio, porém, é de que essa medida provoque um movimento artificial. O mercado é soberano e flutuante e, todo movimento que for artificial vai gerar consequências", afirmou.
CNI avalia medida como positiva

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou positiva a medida anunciada ontem pelo Banco Central, que tem como alvo barrar a valorização excessiva do real frente ao dólar. A entidade que representa o setor produtivo fabril advertiu, porém, que o compulsório de US$ 7 bilhões será insuficiente para a indústria recuperar a competitividade perdida. "A instituição de um depósito compulsório para os bancos que apostam na valorização do real mostra que o BC está atento à questão do câmbio", disse Robson Braga de Andrade, presidente da CNI. Segundo ele, a decisão reduzirá o impacto de eventuais aumentos da taxa de juros (Selic).
Ordem é não dar trégua
Determinada a conter o processo de supervalorização do real ante o dólar, a presidente Dilma Rousseff avisou ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, e ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que não titubeará em partir para medidas mais radicais do que a retirada de US$ 7 bilhões do caixa dos bancos, anunciada ontem pelo Banco Central. Na avaliação de Dilma, se, nas próximas semanas, o arsenal usado pelo governo não apresentar os resultados esperados, ou seja, empurrar a cotação do dólar para um patamar acima de R$ 1,70, o controle para a entrada e a saída de capitais do país será a opção mais viável.
Dilma vem sendo aconselhada a recorrer a todos os mecanismos possíveis para conter o derretimento do dólar antes de se partir para a chamada quarentena, que fixa um prazo para que os recursos estrangeiros saiam do Brasil. O argumento é o de que tal restrição pode afastar do país, além do capital especulativo, os investimentos produtivos. Mas não é só: por não dispor de uma poupança interna suficiente, a economia brasileira precisa se financiar fora no mercado internacional. A projeção oficial é de que o rombo nas contas externas deste ano passará dos US$ 60 bilhões. E, no ano que vem, o buraco encostará nos US$ 100 bilhões.
"Não adianta irmos com tudo para o ataque. O mercado de câmbio merece um acompanhamento constante. À medida que forem necessárias ações para corrigir distorções, como as que estamos vendo, agiremos imediatamente", disse um dos mais próximos assessores de Dilma. Segundo ele, além do recolhimento compulsório sobre a posição vendida dos bancos no câmbio (venda da moeda norte-americana para entrega futura), o governo pode aumentar a alíquota de 6% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre os investimentos estrangeiros em renda fixa. Também poderá restringir os negócios nas bolsas de valores.

Para um técnico do Ministério da Fazenda, dizer que o governo está querendo elevar a cotação do dólar no "no gogó, no grito", é subestimar a capacidade da equipe econômica de agir a tempo e a hora. "Há três dias, o dólar está em alta. E vai continuar assim, até se situar em um nível aceitável. O que não pode é continuar a farra da especulação , que custa caro para o setor produtivo", frisou.
Arsenal à disposição
Veja as medidas já tomadas pelo governo para conter a alta do real frente ao dólar
24 de março de 2010
O Banco Central unifica mais de 60 normas relativas ao mercado de câmbio em apenas uma, para simplificar as operações com recursos estrangeiros no Brasil, além de reduzir os custos das transações para as empresas. A medida permitiu que companhias mantivessem no exterior os ganhos com a venda de ações. O então presidente do BC, Henrique Meirelles, admitiu na época que a decisão facilitaria a saída de dólares do país, o que, teoricamente, poderia elevar a cotação do dólar ante o real.
Abril a setembro de 2010

O Banco Central passa a fazer dois leilões diários de compra de dólares no mercado à vista, para enxugar o excesso de recursos estrangeiros em circulação na economia. A dupla intervenção é temporariamente suspensa, mas depois retomada, já que o dólar continuou a se desvalorizar.

20 de setembro de 2010
O Banco Central reduz a duração dos leilões de compra de dólares de 10 para apenas cinco minutos.
4 de outubro de 2010
O governo dobra para 4% a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre investimentos estrangeiros em renda fixa (títulos públicos, principalmente).

18 de outubro de 2010

O governo eleva, de 4% para 6%, a alíquota do IOF sobre investimentos estrangeiros em renda fixa e no mercado de derivativos. Além disso, a taxação sobre as garantias dadas por estrangeiros para negócios com dólar no mercado futuro sobe de 0,38% para 6%.

20 de outubro de 2010
O Conselho Monetário Nacional (CMN) fecha brechas no mercado futuro de câmbio para evitar que os investidores estrangeiros burlem o pagamento do IOF maior.
31 de dezembro de 2010
O governo reduz impostos sobre investimentos estrangeiros em fundos de private equity (capital de risco)e sobre alguns investimentos em ações para tentar aumentar o financiamento de longo prazo no país e desestimular o capital de curto prazo, especulativo. O IOF caiu de 6% para 2%.
6 de janeiro de 2011
O Banco Central institui o recolhimento compulsório
de 60% sobre as apostas dos bancos contra o dólar. A medida poderá retirar até US$ 7 bilhões dos caixas das instituições financeiras.

jueves, 6 de enero de 2011

BRASIL : BALANCA COMERCIAL DE BRASIL 2010

BALANÇA COMERCIAL 2010 - Na comparação com 2009, as vendas externas brasileiras cresceram (31,4%) acima da previsão das exportações mundiais para 2010 (19,1%).
Além da exportação, a importação (US$ 181,638 bilhões) e a corrente de corrente (US$ 383,554 bilhões) de 2010 também alcançaram os maiores valores na série histórica. O superávit comercial encerrou o ano com US$ 20,278 bilhões.
Exportações e importações
Em 2010, as exportações de produtos básicos somaram US$ 90,005 bilhões, as de semimanufaturados, US$ 28,207 bilhões, e as de manufaturados totalizaram US$ 79,563 bilhões. Em relação à 2009, as três categorias de produtos registraram crescimento: básicos (44,7%), semimanufaturados (37,1%) e manufaturados (17,7%).
Com relação à exportação de produtos básicos, houve crescimento de minério de ferro (117,4%), petróleo em bruto (75,8%), milho em grãos (69,2%), minério de cobre (53,4%), café em grão (37,2%), carne bovina (27,2%), carne de frango (19,7%) e carne suína (9,7%).
Dentro dos semimanufaturados, os maiores aumentos ocorreram nas vendas de couros e peles (49,5%), semimanufaturados de ferro e aço (48,8%), açúcar em bruto (43,4%), celulose (43,0%), ferro-ligas (42,2%), ouro em forma semimanufaturada (27%) e óleo de soja em bruto (13,8%).
No grupo dos manufaturados, dentre os principais produtos exportados, destacaram-se veículos de carga (74,5%), motores de veículos e partes (69%), açúcar refinado (43,3%), autopeças (41%), automóveis de passageiros (35,6%), óxidos e hidróxidos de alumínio (33%), bombas e compressores (31,2%), óleos combustíveis (28%), pneumáticos (20,5%), polímeros plásticos (15,7%), laminados planos (10,8%) e calçados e partes (8,8%).
Os principais países de destino das exportações, no acumulado de janeiro a dezembro a 2010, foram: China (US$ 30,8 bilhões), Estados Unidos (US$ 19,5 bilhões), Argentina (US$ 18,5 bilhões), Países Baixos (US$ 10,2 bilhões) e Alemanha (US$ 8,2 bilhões).
Já em relação às importações, houve crescimento de todas as categorias de uso, na comparação com 2009: combustíveis e lubrificantes (50,7%), bens de consumo (45,4%), matérias-primas e intermediários (39,8%) e bens de capital (37,5%).
Os principais vendedores para o mercado brasileiro em 2010 foram: Estados Unidos (US$ 27,2 bilhões), China (US$ 25,6 bilhões), Argentina (US$ 14,4 bilhões), Alemanha (US$ 12,6 bilhões) e Coréia do Sul (US$ 8,4 bilhões).

ALTA NOS PREÇOS DE ALIMENTOS

ALIMENTOS - Ano de 2010 registrou recorde no preço de alimentos, diz FAO
O ano de 2010 registrou recorde na elevação de preços dos alimentos em comparação com o período de 2007 a 2009.
A conclusão foi divulgada nesta quarta-feira (5/1) pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (cuja sigla em inglês é FAO). Para os especialistas da entidade, os dados geram preocupação, mas não há indícios de crise à vista. As informações foram confirmadas pela agência de notícias da Organização das Nações Unidas (ONU).
A responsável pelo Escritório Regional para América Latina e Caribe na área de Comércio e Marketing, Ekaterina Krivonos, disse que a conclusão deve servir de alerta às autoridades para que adotem medidas que evitem o agravamento da situação como um todo. De acordo com ela, se não forem adotadas medidas urgentes, o risco é de surgimento de um clima de nervosismo e tensão na população dos países mais pobres.
"Os governos da América Latina e do Caribe têm de se preparar e adotar ações relacionadas ao aumento do nível das reservas de emergência, no caso dos grãos, por exemplo. [Isso] fortalece as redes de segurança social e incentiva o aumento da produtividade e dos investimentos na agricultura", sugeriu Ekaterina.
Em 2008, o escritório da FAO para a América Latina e o Caribe orientou os líderes políticos a estimular os investimentos em agricultura na região ante a possibilidade de ocorrência de alta de preços dos alimentos na década seguinte. Pelos dados do estudo divulgado hoje, o açúcar e o milho puxaram os preços para cima.
Segundo a pesquisa, que não divulgou percentuais, os preços dos alimentos poderão ficar ainda mais elevados, caso a produção de cereais não aumente em 2011. Em dezembro de 2010, a FAO informou que os preços dos alimentos atingiram o nível mais elevado em 28 meses.
As causas para a alta dos preços são atribuídas a vários fatores, inclusive as condições climáticas adversas - estiagem ou chuva intensa. Áreas de produção traducionais foram atingidas, como a Rússia, a Ucrânia, o Canadá, os Estados Unidos, a Alemanha, a Austrália, o Paquistão e a Argentina, além de países do Sudeste Asiático.

Fonte: Agência Brasil (6/1/2011)

BRASIL : COMERCIO EXTERIOR 2010

COMÉRCIO EXTERIOR - Perda de qualidade nas vendas externas / Editorial econômico
Os resultados do comércio exterior de 2010 acusam redução de 19,8% no saldo da balança comercial, embora as exportações apresentem aumento de 31,4% pela média por dia útil, que acabou contrabalançado pelo aumento de 41,6% das importações.
Esses resultados, que destacam os efeitos negativos da valorização do real ante o dólar, escondem uma deterioração da qualidade das vendas externas, com as commodities superando as exportações de produtos industrializados, graças a uma demanda excepcional dos países asiáticos de produtos agrícolas, que favoreceram uma forte alta de preços. O resultado de dezembro é meio duvidoso, por causa de uma alta anormal das exportações de petróleo bruto.
Verifica-se, em face do resultado global das exportações do ano, que o Brasil está se transformando em vendedor de commodities, cujo aumento foi de 44,7%. Isso, em si, não seria negativo, se a expansão não dependesse de um número reduzido de países, com destaque para a China, ou de condições climáticas anormais que contribuíram para uma elevação excepcional de preços.
Comparados os preços de dezembro de 2009 com os de dezembro último
, observa-se uma alta de 37,7% para o café, de 34,8% para a carne bovina, de 29,1% para o óleo de soja em bruto, de 27,5% para o milho e de 25,9% para o açúcar em bruto. Além do minério de ferro, cujo preço em um ano cresceu 142,2%, houve para os produtos semimanufaturados um aumento de 24,1% para os de ferro/aço, de 20,7% para a celulose e de 18,2% para o alumínio.
Em compensação, os produtos manufaturados que representavam 44,0% do total exportado em 2009, viram sua participação cair para 39,4%, com exportações que aumentaram apenas 17,7% no ano passado, o que parece indicar uma grave perda de competitividade da indústria brasileira, cuja exportação é essencialmente de bens montados no Brasil com componentes importados.
No mês de dezembro o petróleo bruto representou 27,9% do total exportado no ano de 2010, e o volume foi 89,9 % maior que o de novembro, enquanto o preço cresceu apenas 1,9%.
É lícito perguntar se um resultado tão brilhante no último mês do ano, com um superávit da balança comercial que representou 36% do obtido nos meses anteriores, não indica alguma manipulação dos dados, sabendo-se que a exportação de petróleo, ao contrário da de outros bens, é fornecida pela Petrobrás, e não pelas autoridades aduaneiras.
Fonte: O Estado de São Paulo (5/1/2011

lunes, 3 de enero de 2011

PARTICIPACAO DE EMPRESAS BRASILEIRAS NA VENEZUELA

Humberto Márquez
INTERPRESS / CARACAS
Pontes, estradas, petroquímicas,siderúrgicas, usinaselétricas,
aquedutos, agricultura,frigoríficos, estaleiros eaté teleféricos:
o poderoso braço empresarial do Brasil chegou no Caribe, via Venezuela, onde
o governo Hugo Chávez está empenhado em criar o que denomina “socialismo do século
21”.
“As empresas de construção brasileiras trabalham sem problemas
com o governo venezuelano porque por trás delas está o governo brasileiro e sua política de integração, com o acordo entre ambos os países e o BNDES
brasileiro”,disseàInterpressodiretordaCâmaraBrasileiraVenezuelana
de Comércio e Indústria, Fernando Portela. Historicamente, a Venezuela
construiu sua infraestrutura apoiadapelasexportaçõesdepetróleo.
Ociclo de alta dos preços internacionaisdopetróleonesta
décadadeixouseupoderosovizinhodosulnumaposiçãovantajosa para oferecer serviços na área de engenharia e criar parcerias nos setores do comércio e da indústria
pesada.
“Há interesse das empresas brasileirasem explorar ao máximo as possibilidades oferecidas pelo complexo industrial e o mercadodaVenezuela,adquirindo
empresas ou fazendo parcerias,e para eles o norte do Brasil, a Venezuela e o Caribe formam uma importante área de negócios”, disse Portela.
Umaspecto importante desta presençaéqueasempresasbrasileiras
não foram afetadas pelo processo de nacionalização de
empresas iniciadoem2007 pelo presidente venezuelano.
Esse processo se intensificou este ano com a estatização de 220empresas, estrangeiras e domésticas incluindo setores em queoBrasilélíder,comooquímico,
de aço e de construção.
Exceção. Em 26 de maio de 2009, durante encontro entre o
presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, em Salvador, Bahia,numareunião privada entre
os dois chefes de Estado, como os microfones estavam ligados
por acaso, os jornalistas que cobriam o encontro ouviram
Chávez dizer a Lula : “Estamos numa fase de nacionalização de
empresas, exceto as brasileiras.”
E, ironicamente, o presidente venezuelano disse que exortara Emílio Odebrecht, responsável pela gigante brasileira a aderir à causa socialista.
“Conversei com Don Emílio para tentar convencê-lo a aderir ao socialismo. Ele riu e sua respostafoi‘não’,disseolídervenezuelano.
MasaempresadeEmílioOdebrecht tem pelo menos 15 projetosimportantesdeinfraestrutura
na Venezuela que somam bilhões de dólares. “Com ou sem
Chávez”, vamos trabalhar aqui durante pelo menos mais dez
anos”, disse o empresário venezuelanoLuisBerlioz. Suaempresa,
a Comopa, trabalha com os brasileiros no campo de produtos
de concreto.
O projeto emblemático – e mais visível – é a segunda ponte sobreoRioOrinoco.Compouco
mais de três quilômetros, o arco e suas rampas de ligação e estradas
foram construídos entre 2001 e2006aocusto deUS$1,28 bilhão. Só a ponte ficou em US$
886milhões,emboraoorçamento estimado originalmente fosse
de US$ 480 milhões.Aponte beneficia os 2milhões
de moradores da região sudeste dopaís, e por causa de sua localização
próxima a Ciudad Guayana, uma cidade industrial a 500 quilômetros de Caracas, ela é
uma importante ligação com os portos caribenhos do nordeste da Venezuela.
São milhões também os beneficiados por outros projetos dos
quais a Odebrecht participa, como a barragem de Tocoma, com o custo estimado de US$ 3 bilhões,que, quando concluída no meio da década, adicionará 2mil
megawatts aos 14 mil que estão sendo produzidos pela hidrelétrica do Rio Caroní, a sudeste do país.
Transporte. A Odebrecht está construindo também novas linhasdeMetrôemCaracasecidades
vizinhas,umsistema combinando trens subterrâneos e ônibus, como também toda a infraestrutura de uma estação de tratamento de água a leste da capitaleemMaracaibo,
comotambémoMetrocable, sistemadeteleféricos para os bairros situadosnas regiões altasdeCaracas.
A empresa brasileira também estáconstruindo 11 mil casas populares
na região sudeste da Venezuela, uma nova usina petroquímica, várias docas, eumaterceira ponte sobre o Rio Orinoco.
“Uma das características da OdebrechtqueéboaparaaVenezuelaéqueéumacompanhiaexigentequantoàsolvênciadasempresas
contratantes e a segurança de seus empregados. E é difícil
reformular os orçamentos no casodeatrasosnaentregademateriais
ou se for preciso tratar com os dez sindicatos, que quase
sempre estão disputando entre si”, disse Berlioz.
Camargo Correa, outra construtorabrasileira, estátrabalhando
no Rio Tuy, que fornece água para Caracas. O projeto de US$
476milhões faz parte deumprojeto maior que tem como objetivo
melhorar os sistemas de saneamento básico e aumentar a capacidade dos aquedutos.
NoEstadodeZulia,anoroeste daVenezuela,aempresabrasileira Gerdau opera a siderúrgica de Suzuca desde 2007, que produz 300 mil toneladas de aço bruto e
200 mil laminadosTMpor ano.
Nessa área também opera a empresa Oxiteno, que tem uma fábrica de produção de agentes
tensoativosusadosemdetergentes, cosméticos, tintas etêxteis. /
ESTADAO

ENTRADA DA VENEZUELA NO MERCOSUL

A entrada da Venezuela no Mercosul,como membro pleno, ainda depende da aprovação do Congresso do Paraguai. A adesão,no entanto, simplificará os procedimentos alfandegários,aumentará o comércio e dará maior segurança jurídica, o que atrairia mais empresas brasileiras.
“Na Venezuela, há cerca de 36 projetos que envolvem companhias brasileiras que estão parados aguardando condições melhores,como uma fluidez de recursos ou que a Venezuela se una oficialmente ao Mercosul”,disse Fernando Portela, diretor da CâmaraVenezuelanaBrasileira de Comércio.
Ao mesmo tempo que a presença brasileira é evidente nas gruas e no concreto reforçado, o comércio bilateral também floresce e, ao contrário das últimas
décadas do século 20, a balança comercial favorece o Brasil, que
depende cada vez menos das importaçõesde petróleo e torna-se cada vez mais fornecedor de alimentos para a Venezuela.
Em 1999, o comércio bilateral totalizava US$ 1,5 bilhão, dos quaisUS$974milhõeseramvendas venezuelanas. Em 2009, as exportações brasileiras alcançaram US$ 3,6 bilhões, enquanto as importações da Venezuela foram de apenas US$ 581 milhões.
“A tendência continuará em 2010, com cerca de US$ 600milhões
em exportações de produtos da Venezuela, enquanto o Brasil exportará o equivalente a US$ 3,5 bilhões”, disse CarlosSantana,diretordepromoçãocomercial na Embaixada do Brasil em Caracas.
A Venezuela importa carne, frango, açúcar, celulares, pneus, peças automotivas, óleo de soja,café e leite. O Brasil concentra suas compras de insumos petroquímicos, carvão e eletricidade, que chega pelas linhas de alta tensão da hidrelétrica do rioCaroní.
No entanto, nem tudo é tranquilo nas relações bilaterais. A crise econômica global levou a petroquímica Braskem a reformular seus planos e reduzir seu
investimento àmetade, deUS$1 bilhão para US$ 500 milhões.
Por outro lado, a estatal venezuelana de petróleo, a PDVSA, está tendo dificuldades para se levantar os 40% que são sua parte na
refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
A refinaria deverá processar 230 mil barris de petróleo, principalmente venezuelano, diariamente. A Petrobrás, que conseguiu levantar US$ 50
bilhões no mercado internacional para aplicaremseus projetos
de expansão, assumiu a construção da refinaria em 2009./ H.M.
A empresa Odebrecht , tem pelo menos 15 projetos importantes de infraestrutura na Venezuela, entre eles a construção de novas linhas de
metrô em Caracas. O projeto emblemático – e mais visível – é a segunda ponte sobre o Rio Orinoco .
A empresa assumiu em 2009 a construção de refinaria em conjunto
com a Venezuela .
Empresa estatal venezuelana Corpozulia opera minas de carvão
e firmou um acordo de exploração com a brasileira Vale do Rio Doce na Serra de Perijá .
WWW.BRAZILINFOCUS.COM

NA VENEZUELA SE ELIMINA TAXA DUPLA DE CAMBIO

FINANÇAS - Venezuela elimina taxa dupla de câmbio / Carolina Matos
País promove maxidesvalorização para itens essenciais, ao eliminar cotação menor para alimentos e remédios.
Medida visa estimular demanda doméstica e PIB, que deve encolher 1,9% neste ano, após recuar 3,3% em 2009.
O ministro das Finanças da Venezuela, Jorge Giordani, disse ontem que vai eliminar a dupla taxa de câmbio existente no país.
Passa a valer como cotação única, a partir de amanhã, a de 4,30 bolívares por dólar. E desaparece a relação de 2,60 bolívares por dólar para a importação de produtos essenciais, como alimentos e remédios, criada por Hugo Chávez em janeiro.
A maxidesvalorização da moeda local, portanto, deve ser sentida pela população mais pobre do país.
É uma forma de desestimular o consumo de produtos estrangeiros. E, assim, uma tentativa de aliviar a pressão contra a expansão da economia doméstica.
O PIB deve encolher 1,9% neste ano. Em 2009, houve retração de 3,3%.
A decisão de atuar no câmbio vem antes que Chávez perca, em 5 de janeiro, a maioria de dois terços no Congresso, que lhe permitiu fazer mudanças na Constituição e governar por decreto.
Essa foi a segunda desvalorização do bolívar neste ano. Em janeiro, o governo passou o câmbio -que estava em 2,15 bolívares por dólar desde 2005- para 2,60 bolívares para bens de primeira necessidade. E 4,30 bolívares por dólar para o restante.
Vladimir Caramaschi, estrategista do Banco Crédit Agricole, diz que o fim da taxa dupla na Venezuela "é positivo" porque acaba com uma "situação artificial".
Mas alerta para o risco quanto à inflação no país, hoje em 27% ao ano.
"Com o dólar mais caro, a inflação vai aumentar. Resta saber quais serão as medidas para combatê-la e as consequências sobre o PIB."
Fonte: Folha de São Paulo com agências de notícias (31/12/2010)

Archivo del blog