O brasileiro Roberto
Azevêdo, 55, foi eleito nesta terça-feira como diretor-geral da OMC
(Organização Mundial do Comércio). É a primeira vez em que um latino-americano
é eleito para um mandato completo de quatro anos.
Na última fase da
disputa, Azevêdo derrotou o mexicano Herminio Blanco, 62, e trouxe ao Brasil
uma de suas maiores vitórias diplomáticas. A decisão foi tomada em Genebra com
a participação dos 159 países que integram a entidade.
A presidente Dilma
Rousseff e o Itamaraty fizeram campanha intensa pelo brasileiro desde dezembro
de 2012. O chanceler Antonio Patriota já recebeu a notícia da vitória, e a
delegação do México já reconheceu a derrota.
O placar da votação
ainda não foi divulgado. Ontem, a União Europeia decidiu votar em bloco a favor
do México, e com isso o Brasil contabilizou ter perdido cerca de 12 votos.
Mesmo assim, conforme fontes diplomáticas, os votos mostram que o brasileiro
conta com uma grande margem de representatividade e teve vitória
"inequívoca".
O resultado será
anunciado oficialmente na quarta-feira (8) e a nomeação de Azevêdo será
oficializada no dia 14, durante reunião do Conselho Geral da OMC. Ao todo, nove
candidatos concorreram à sucessão do francês Pascal Lamy, dono do cargo há oito
anos. Azevêdo assume o posto em setembro.
Representante
permanente do Brasil na OMC desde 2008, Azevedo conta com reputação de hábil
negociador. Ele foi chefe de delegação em litígios importantes vencidos pelo
Brasil na OMC, como nos casos dos subsídios ao algodão contra os EUA e ao
açúcar contra a União Europeia (UE).
Participou de quase
todas as conferências ministeriais desde o lançamento, em 2001, das negociações
de Doha sobre a liberalização do comércio mundial.
Mesmo respeitado em
círculos diplomáticos por sua capacidade de construir consenso, Azevêdo foi
criticado por seus esforços para levar a OMC a discutir o impacto de flutuações
cambiais sobre o comércio.
HISTÓRICO
O diplomata começou a
carreira no Itamaraty em 1984 e foi o principal assessor econômico do então
chanceler Luiz Felipe Lampreia de 1995 a 1997. Participou, em 2001, da criação da
Coordenação-Geral de Contenciosos do Itamaraty, que dirigiu por quatro anos.
Em 2005, ele se tornou
o chefe do departamento econômico do ministério e, de 2006 a 2008, foi
subsecretário geral de assuntos econômicos.
Foi em 2009, quando já
estava à frente da representação na OMC, que o órgão autorizou o Brasil a
retaliar os EUA pelos subsídios ao algodão.
O Brasil ganhou papel
predominante na OMC a partir de 2003, durante o governo Lula (2003-2010), e se
tornou um dos maiores negociadores junto da UE, do Japão, da China, da Índia,
dos EUA e da Austrália.
O país defende um
enfoque gradual para derrubar barreiras comerciais e um grande papel para o
governo na regulação do comércio, o que já provocou queixas de países ricos,
como os EUA e o Japão, e de companheiros emergentes, como a China e a Coreia do
Sul.
Com
agências de notícias FOLHA/SP