PEDIDO DE AYUDA AGRICOLA A LA PRODUCCION VENEZOLANA
Maduro encerrou em Brasília um tour de três dias pelos países do Mercosul, buscando consolidar o apoio regional, um contraste aos questionamentos internos. Antes de se encontrar com Dilma, ele se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Embaixada da Venezuela em Brasília. Maduro disse que passou uma hora ouvindo conselhos do petista, a quem chamou de pai - ele também se diz “filho de Chávez”.
- Hoje vimos o companheiro Lula e ele nos deu um banho de sabedoria. Ele passou uma hora dando conselhos de sua experiência. Nós vemos Lula como um pai. O pai dos homens e mulheres de esquerda. É uma sorte enorme tê-lo - afirmou Maduro.
Dilma desejou sucesso a Maduro em seu governo e lembrou que a Venezuela assumirá a presidência temporária do Mercosul, em junho. Segundo ela, os dois países compartilham o desejo de fortalecer a união da região.
-Os dois países acertaram parcerias em projetos em diversas áreas, especialmente a agrícola e energética. A Venezuela quer ampliar sua produção de alimentos, e para isso confiará na Embrapa. Já o Brasil conta com a parceria que o governo de Maduro fará com a brasileira Braskem para produzir fertilizantes feitos com ureia. O venezuelano admitiu que seu país enfrenta um problema de alimentos e que o Brasil poderá ajudar a transformar essa situação no “curtíssimo prazo”. A Venezuela vai abrir dez indústrias a serem inauguradas nos próximos meses. A usina de fertilizantes teria a capacidade de produzir 1,5 tonelada do produto por ano, e também contará com a participação da Odebrecht.
A ênfase no lado comercial da visita tem a ver com o atual panorama da economia venezuelana, que, se já vivia problemas sob Chávez, acelerou seu declínio nos últimos meses, sob o comando de Maduro. De acordo com números oficiais, o índice de escassez, que mede a falta de produtos no varejo, está em níveis comparáveis aos de 2007, quando houve um prolongado desabastecimento de alimentos básicos que teve um reflexo político na única derrota eleitoral do então presidente Hugo Chávez: ele perdeu no referendo em que pedia a reeleição indefinida, aprovada dois anos depois em outra consulta popular. Além disso, a inflação no país subiu 4,3% em abril, segundo o Banco Central da Venezuela - o maior avanço em três anos - e a taxa anualizada chegou a 29,4%. Já o acumulado nos quatro primeiros meses soma 12,5%, o triplo do mesmo período do
ano passado.
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JORNAL O GLOBO