lunes, 3 de enero de 2011

PARTICIPACAO DE EMPRESAS BRASILEIRAS NA VENEZUELA

Humberto Márquez
INTERPRESS / CARACAS
Pontes, estradas, petroquímicas,siderúrgicas, usinaselétricas,
aquedutos, agricultura,frigoríficos, estaleiros eaté teleféricos:
o poderoso braço empresarial do Brasil chegou no Caribe, via Venezuela, onde
o governo Hugo Chávez está empenhado em criar o que denomina “socialismo do século
21”.
“As empresas de construção brasileiras trabalham sem problemas
com o governo venezuelano porque por trás delas está o governo brasileiro e sua política de integração, com o acordo entre ambos os países e o BNDES
brasileiro”,disseàInterpressodiretordaCâmaraBrasileiraVenezuelana
de Comércio e Indústria, Fernando Portela. Historicamente, a Venezuela
construiu sua infraestrutura apoiadapelasexportaçõesdepetróleo.
Ociclo de alta dos preços internacionaisdopetróleonesta
décadadeixouseupoderosovizinhodosulnumaposiçãovantajosa para oferecer serviços na área de engenharia e criar parcerias nos setores do comércio e da indústria
pesada.
“Há interesse das empresas brasileirasem explorar ao máximo as possibilidades oferecidas pelo complexo industrial e o mercadodaVenezuela,adquirindo
empresas ou fazendo parcerias,e para eles o norte do Brasil, a Venezuela e o Caribe formam uma importante área de negócios”, disse Portela.
Umaspecto importante desta presençaéqueasempresasbrasileiras
não foram afetadas pelo processo de nacionalização de
empresas iniciadoem2007 pelo presidente venezuelano.
Esse processo se intensificou este ano com a estatização de 220empresas, estrangeiras e domésticas incluindo setores em queoBrasilélíder,comooquímico,
de aço e de construção.
Exceção. Em 26 de maio de 2009, durante encontro entre o
presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, em Salvador, Bahia,numareunião privada entre
os dois chefes de Estado, como os microfones estavam ligados
por acaso, os jornalistas que cobriam o encontro ouviram
Chávez dizer a Lula : “Estamos numa fase de nacionalização de
empresas, exceto as brasileiras.”
E, ironicamente, o presidente venezuelano disse que exortara Emílio Odebrecht, responsável pela gigante brasileira a aderir à causa socialista.
“Conversei com Don Emílio para tentar convencê-lo a aderir ao socialismo. Ele riu e sua respostafoi‘não’,disseolídervenezuelano.
MasaempresadeEmílioOdebrecht tem pelo menos 15 projetosimportantesdeinfraestrutura
na Venezuela que somam bilhões de dólares. “Com ou sem
Chávez”, vamos trabalhar aqui durante pelo menos mais dez
anos”, disse o empresário venezuelanoLuisBerlioz. Suaempresa,
a Comopa, trabalha com os brasileiros no campo de produtos
de concreto.
O projeto emblemático – e mais visível – é a segunda ponte sobreoRioOrinoco.Compouco
mais de três quilômetros, o arco e suas rampas de ligação e estradas
foram construídos entre 2001 e2006aocusto deUS$1,28 bilhão. Só a ponte ficou em US$
886milhões,emboraoorçamento estimado originalmente fosse
de US$ 480 milhões.Aponte beneficia os 2milhões
de moradores da região sudeste dopaís, e por causa de sua localização
próxima a Ciudad Guayana, uma cidade industrial a 500 quilômetros de Caracas, ela é
uma importante ligação com os portos caribenhos do nordeste da Venezuela.
São milhões também os beneficiados por outros projetos dos
quais a Odebrecht participa, como a barragem de Tocoma, com o custo estimado de US$ 3 bilhões,que, quando concluída no meio da década, adicionará 2mil
megawatts aos 14 mil que estão sendo produzidos pela hidrelétrica do Rio Caroní, a sudeste do país.
Transporte. A Odebrecht está construindo também novas linhasdeMetrôemCaracasecidades
vizinhas,umsistema combinando trens subterrâneos e ônibus, como também toda a infraestrutura de uma estação de tratamento de água a leste da capitaleemMaracaibo,
comotambémoMetrocable, sistemadeteleféricos para os bairros situadosnas regiões altasdeCaracas.
A empresa brasileira também estáconstruindo 11 mil casas populares
na região sudeste da Venezuela, uma nova usina petroquímica, várias docas, eumaterceira ponte sobre o Rio Orinoco.
“Uma das características da OdebrechtqueéboaparaaVenezuelaéqueéumacompanhiaexigentequantoàsolvênciadasempresas
contratantes e a segurança de seus empregados. E é difícil
reformular os orçamentos no casodeatrasosnaentregademateriais
ou se for preciso tratar com os dez sindicatos, que quase
sempre estão disputando entre si”, disse Berlioz.
Camargo Correa, outra construtorabrasileira, estátrabalhando
no Rio Tuy, que fornece água para Caracas. O projeto de US$
476milhões faz parte deumprojeto maior que tem como objetivo
melhorar os sistemas de saneamento básico e aumentar a capacidade dos aquedutos.
NoEstadodeZulia,anoroeste daVenezuela,aempresabrasileira Gerdau opera a siderúrgica de Suzuca desde 2007, que produz 300 mil toneladas de aço bruto e
200 mil laminadosTMpor ano.
Nessa área também opera a empresa Oxiteno, que tem uma fábrica de produção de agentes
tensoativosusadosemdetergentes, cosméticos, tintas etêxteis. /
ESTADAO

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